Perspetivas (sétima abordagem)
A rapariga por detrás do balcão deteta o odor morno do pão torrado. De olho no seu cetro prepara o pedido da Deusa-pagã-maior. Coloca cuidadosamente o chá e as torradas numa bandeja metálica de forma circular. A rapariga examina com pormenor a bandeja assim preparada. A mulher, Deusa-pagã-maior, manipula com destreza o ecrã do seu cetro. O mundo rende-se ao poder calmo e assertivo da mulher feiticeira. A rapariga aproxima-se com a bandeja. Com experiência de saber feito insinua o reflexo da sua imagem no ecrã-cetro da Mulher-criadora. Ligeiramente incomodada a Deusa-pagã levanta o olhar com uma expressão que não transmite nenhuma emoção facilmente percetível. A rapariga insinua a bandeja o que faz a mulher-feiticeira sorrir. De forma cuidada e reverente distribui pela mesa o prato com as torradas e a chávena de chá. A Mulher-criadora pousa o seu cetro e aconchega o pequeno-almoço para perto de si. A rapariga retira-se satisfeita com a sensação de dever cumprido. A Deusa-pagã-maior manipula os hidratos de carbono. Ingere-os com elegância e ajuda a deglutição com delicadas transferências da infusão aromática. A mulher-feiticeira guarda a mão direita para a sua obrigação criadora. A rapariga está novamente por detrás do balcão e tenta, com trejeitos forçados, as poses manipuladoras da Deusa-pagã-maior. Lá fora ouve-se o chilreio da animália voadora.
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