Perspetivas (sexta abordagem)
Os dois Homens-criadores, Deuses-criadores-menores, sorriem
complacentes. As suas ligações revelam-se competentes permitindo um fluxo
continuo de informação. O manuseamento dos seus cetros pessoais é executado com
mestria por dedos treinados cuja memória
muscular permite uma simbiose perfeita entre o Homem-criador e o éter digital.
Alguns seres vivos voadores tentam a concentração destes Deuses-criadores-menores.
Fazem-no de forma orgânica e animal com tiques de intuição evolutiva. Chilreiam
comunicações numa cifra aparentemente abstrata intercalando vibrações sonoras
com deslocações aéreas de elevada intensidade. Um dos Homens é atraído pela
animália esvoaçante. Tenta identificá-la mas não tem certezas. Com um movimento
ágil e competente dirige o seu cetro para a matéria duvidosa e capta a sua
imagem. Com o animal assim guardado pode agora dissecá-lo. O semblante do Homem-criador
revela satisfação. Está na presença de
um Passer Domesticus. Olha para o segundo homem e comenta, pardal do
telhado. Este repete as palavras do primeiro deixando no ar uma interrogação,
pardal do telhado? Assim interrogado o primeiro homem executa algumas manobras
digitais fazendo fluir a informação do seu cetro para o do segundo homem. Devidamente
esclarecido o segundo homem murmura embevecido, pardal do telhado. Em total
sincronia ambos inspiram profundamente. A expiração, também ela sincronizada,
termina num suspiro coral. A ação conclui-se simultânea. O movimento dos órgãos
da visão faz com que eles repousem serenamente nos respetivos cetros.
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